segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A PRÁTICA PEDAGÓGICO-CIENTÍFICA NO INTERIOR DO PROCESSO DA EDUCAÇÃO*

Em sua especificidade de ciência referida a uma prática determinada, a Pedagogia não é apenas conhecimento da Educação feita ou para a educação a fazer-se, mas conhecimento que se constrói audazmente ao fazer-se a educação e como diretriz, sempre provisória, para as decisões exigidas a cada passo e momento e no interior do próprio processo da educação.
A educação acompanha o processo vital do ser humano fazer-se humano, não havendo uma prática social anterior, mas um processo de auto-compreensão e auto-transformação social. Dessa forma, a ciência da educação constitui-se na análise e reflexão do processo pedagógico enquanto explicitação das práticas educativas e das teorias que, em reciprocidade, constroem-se.
Nessa construção a educação se relaciona com a política, a ética e a estética, que são dimensões fundamentais da vida humana. Funda-se a historicidade no fluxo permanente de transformações do ser humano e do mundo, no movimento dialético da memória/projeto. O movimento histórico se constitui na pluralidade de seus momentos associada a diversidade dos seres humanos concretos, sujeitos coletivos, capazes de transformar suas redes de relações e de compreender a estrutura dos significados e de relançar suas pré-tensões de vida livre, objetivo-síntese do processo educativo:
Nas ciências sociais e, em especial, na ciência da educação, importa distinguir três planos constitutivos da unidade do processo cognitivo-existencial:
A) O plano da racionalidade instrumental: o interesse fundamental é o interesse tecnológico da intervenção manipulatória. A racionalidade fica aos dados e fatos, de forma que permanecem fora dela as grandes questões em que se jogam os destinos da humanidade.
B) O plano hermenêutico: em contraposição ao objetivismo cientifico e a imparcialidade metodológica baseada na oposição ser humano e mundo, sujeito e objeto, a hermenêutica considera o ser humano como ser-no-mundo.
C) O plano crítico da emancipação humana: a partir do horizonte de sentido em que se situa a práxis histórica. Coloca-se como exigência fundante da práxis humana o reconhecimento universal de todos os seres humanos em sua dignidade inalienável no horizonte da efetivação de um sentido radica: o sentido da emancipação humana.
RELAÇÃO FILOSOFIA E PEDAGOGIA – Teoria e prática
Dalbosco (2003, p.51) diz que o pedagogo (acrescentaria o/a professor/a), ao colocar-se algumas questões fundamentais, já se põe em diálogo com a filosofia, tornando-se ele mesmo, em certo sentido, um filósofo. A tarefa da filosofia atual consiste em delimitar uma concepção mínina de racionalidade e de esclarecer as confusões que determinadas concepções de conhecimento tem provocado na humanidade. (...)Cabe a filosofia trabalhar interativamente com os outros campos do saber (Mühl, 2003, p. 69). Constrói-se a Pedagogia, em sua dinâmica de ciência diretriz do processo educativo, na dialética das experiências vivenciadas no cotidiano da educação com as lições que delas se extraem para guiá-las em sua continuidade de comunicação emancipatória e com a ampliação do discurso argumentativo da palavra e da ação (...)(Marques, 1996, p.111).

*Texto parcial para disciplina Metodologia do Ensino Superior

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DALBOSCO, Cláudio A. Considerações sobre a relação entre filosofia e educação. In: Fávero, Altair. Dalbosco, Cláudio. Mühl, Eldon H. Filosofia, educação e sociedade. Passo Fundo:UPF, 2003.
MARQUES, Mario O. Pedagogia, a ciência do educador. Ijuí:UNIJUÍ ed., 1996.
MÜHL, Eldon H.Educaçao e emancipação: construção e validação consensual do conhecimento pedagógico. In: Fávero, Altair. Dalbosco, Cláudio. Mühl, Eldon H. Filosofia, educação e sociedade. Passo Fundo:UPF, 2003.

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