segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Comentário ao texto do profº Marcos Villela

Infelizmente não pude participar do Simpósio, e agora que tirei um tempinho para comentar teu texto base da mesa . Suspeito que se estivesse presente seria outra compreensão, até pela oportunidade do debate com outros interlocutores que estavam no evento, por isso minhas observações estarão "contaminadas" pelos meus "pré-conceitos" e portanto, limitadas. Quero dizer que o texto me mobilizou a pensar minhas "convicções", embora ainda "temporariamente" permaneço com elas, e a principal delas, que vc já sabe, é de que; "é possível derrotar o capitalismo". Se tenho esse ponto de partida, quero dizer que tenho acordo com o seu diagnóstico da "constituição" do Estado liberal, da razão constituinte e sumariamente "responsável" pela constituição da organização da vida social, das leis, da política, sobretudo, da economia. Mas limito a fazer duas considerações sobre o tema central do texto: a compreensão da idéia de democracia. Primeiro, achei interessante que vc não se limitou a pensar o tema, apenas do ponto de vista "conceitual", pois haja vista, uma saturação "definitória" de tal conceito, marcando apenas seu ponto de partida de que a democracia "é um regime que, de certa maneira, impõe a vontade da maioria sobre a minoria". Posso compreender e concordar, em certo sentido, desse entendimento, mas o localizado na minha "convicção" inicial, penso que seu desdobramento será outro. A democracia é, sem muitas dúvidas, o imperativo da vontade da maioria sobre a minoria, e essa maioria no estado capitalista, mesmo não tendo o poder, o dominio do capital, virtualmente se impõe como soberana, dado o "principio de liberdade", gestado na filosofia do Estado liberal e da racionalidade esclarecida. Eu diria, que tal liberdade também tornou-se imperativa a todos, porém, nesse sistema, ela é um "engodo".No capitalismo a norma é o lucro, a exceção é a regra, o limite é a exploração e a consequência é a totalização do mesmo. A atualidade do capitalismo, com sua “roupagem” e “blindagem” ideológica, põe em sustentação o mais profundo e perverso totalitarismo, disfarçado no conceito de liberdade e na máxima do fetichismo da mercadoria. Por isso tenho acordo em dizer que "o exercicio da democracia poderia ser representado pela tentativa de agregar em uma preferência geral as preferências individuais, ou seja, mediar as preferências individuais de modo a agrupá-las sob o critério de proximidade de intenção e, a partir disso, consolidar esse resultado como uma espécie de vontade social. Entretanto, como a democracia não significa unanimidade, sempre haverá a submissão de vontades individuais sob uma escolha social do bem estar coletivo". Agora o que eu tive um certo distanciamente, em respeito ao texto, dado minhas "convicções", está relacionado a questão: "que rumo tomar?". Então como um segundo comentário, me limito a questionar, não como rechaço, mas como dúvida, o critério para estabelecer, compreender e vivenciar o sentido de "comunidade". Pois mesmo no contexto de impossibilidade de "redenção" ou da dificil relação entre individuo e sociedade, como compreender tal conceito, sem cairmos num "romantismo" alienador? E como isso não possa servir como mantenedor do "discurso fabricado" do "fim das ideologias", "fim da história" ou "fim do socialismo"? Sei que minhas "convicções" militantes possam estar também contaminadas por idelogias pré-fabricadas, no entanto, temo que tal "relativismo esclarecido", possa ser utilizado, não é o caso do seu texto, por interesses que se pretendem "único, prático e suficiente". De qualquer modo, penso que é mister abrir-se as formas contemporâneas da pluralidade conceitual e racional. E só um tal modo de vida plural criaria a força política-ética-estética que se imporia com força para vencer mundialmente a economia capitalista desvinculada do todo, alienado do social, respeitando as liberdades contigentes.