quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"Tropa de Elite" ou produção do mesmo à crítica imanente da sociedade capitalista

Filmes como "Tropa de Elite", que não escapou muita gente que não o tenha visto, ou quem irá ver o último que levou estatuetas do "oscar 2008", dos irmão Coen - "Onde os fracos não tem vez", talvez sejam mais do que sintomas de uma sociedade, que a tanto falam que está mais que doente. No capitalismo a norma é o lucro, a exceção é a regra, o limite é a exploração e a conseqüência é a totalização do mesmo. A atualidade do capitalismo, com sua “roupagem” e “blindagem” ideológica, põe em sustentação o mais profundo e perverso totalitarismo, disfarçado no conceito de liberdade e na máxima do fetichismo da mercadoria. A permanência da totalidade social, elevado o potencial no seu caráter de reificação proto-fascista, demonstra o predomínio da massificação cultural e no domínio da natureza. Lembro uma passagem da "Teoria Estética" de Adorno em que ele diz que "a arte é refúgio do comportamento mimético", ora quando a instrumentalização atinge o mais recondito da psique humana, as produção artistica não ficaria longe disso. Portanto, temporariamente pensando, toda a "improdutividade cultural" exercida no capitalismo tende a ser mera "racionalização" de suas próprias mazelas...Mas vejo que é muito válido o exercicio da crítica, desde que seja imanente, e não só....E essas produções não vem fazer denuncia ou apologia, sei lá, são apenas "produtos de um mesmo mercado", isto é, "é o mesmo do mesmo" que as pessoas compram e consumem a seus gostos...o que fazer com eles, ai o assunto é mais sério. Desse modo, podemos dizer que uma crítica imanente ao capitalismo atual, corre por fora dele, por fora do hiperdesenvolvimento das forças produtivas tecnológicas ensandecidas, por fora das necessidades de trabalho insensato, destruidor, por fora da rotina cotidiana estupidificante - embora tenha de correr processualmente por dentro da imanência do sistema para corroê-lo e pô-lo abaixo (Duarte, 2006)[1]. Esse talvez seja papel da crítica imanente.
[1] Duarte. Cláudio. O socialismo em devir: a difícil dialetização de uma idéia fixa. In: http://militante-imaginario.blogspot.com/2007_08_01_archive.html acesso dia 19/10/2007.