quarta-feira, 23 de abril de 2008

EDUCAÇÃO GREGA: PEDAGOGOS, MESTRES-ESCOLA E SOFISTAS

Com o sentido de paidéia na educação grega surgiu um novo conceito de educação digna do homem livre, que o habilita a tirar proveito de sua liberdade ou dela fazer uso (Monroe, 1983, p.27). Entretanto, não podemos esquecer que esse novo conceito de educação refere-se apenas aos cidadãos livres que podiam tirar proveito da sua liberdade, ficando de fora os escravos, as mulheres.
Conforme, Brandão (1995, p.38-47) a paidéia tinha o sentido de formação harmônica do homem para a vida da polis, através do desenvolvimento pleno do corpo e toda a consciência. A educação passou a corresponder as exigências própria estrutura da sociedade grega, especialmente por sua estratificação social de oposições entre livres e escravos, entre nobres e plebeus. De modo que a educação foi dirigida preferencialmente aos meninos nobres da elite guerreira e da elite com posses.
Até os 7 anos sua educação se da no seio familiar, depois dos sete os meninos eram entregues aos pedagogos (pais, paidós=criança; agein= conduzir), que eram escravos a quem os atenienses confiavam a criança, conduzindo-os até a escola. O menino ateniense freqüentava dois tipos diferentes de escolas: a escola de música e a escola de ginástica ou palestra (lugar de luta). Nessas escolas aprende com o mestre-escola, que acompanham a educação do jovem aristocrata, fruto de um lento trabalho de acompanhamento do educando por muitos anos.
Atenas ao alcançar seu máximo esplendor, ampliando suas relações econômicas, aumentando a prosperidade material e cultural dos cidadãos, a velha constituição aristocrática é substituída pela constituição democrática. Nesse sentido, as exigências impostas a educação foram duplas: de um lado, com o desenvolvimento da liberdade na esfera política, passou-se a reclamar da educação maior liberdade individual de pensamento e ação. Por outro lado, impo-se a necessidade de um treino ou habilitação do individuo a aproveitar das oportunidades sem precedentes que se ofereciam para o engrandecimento e realizações pessoais. Todavia, na sociedade ateniense, organizada sob o velho regime, não havia meios para ministrar a educação que proporcionasse ao individuo condições de êxito pessoal. Toda a educação existente preparava apenas para o exercício cívico. Aparece então, o instrumento necessário, sob a forma de uma nova classe de professores – os sofistas (Monroe, p.53).
Os sofistas (sophos= sábio) surgiram com sendo a nova classe de professores que a sociedade exigia. Geralmente os sofistas eram professores ambulantes que percorriam as grandes cidades. Eles ensinavam as ciências e as artes, com finalidades práticas, principalmente, a eloqüência, em troca de uma elevada contribuição financeira. Muitos sofistas davam apenas uma preparação superficial que geralmente, consistia em fornecer a seus alunos discursos feitos sobre certos tópicos, a serem repetidos em determinadas ocasiões.
Em seus ensinamentos, os sofistas, acentuavam de forma exagerada o valor da individualidade. Entre eles não haviam nenhum sistema comum de idéias. A única idéia comum era que não havia idéias universais nem padrões universais de conduta. Nas palavras de Protágoras, um dos maiores sofistas, “o homem é a medida de todas as coisas”. Assim o indivíduo situava-se num tal nível de independência que ficava acima dos deveres cidadão.
De qualquer modo, continuava, o problema para os gregos em formular um ideal educativo que pudesse satisfazer as necessidades institucionais e o bem coletivo e, ao mesmo tempo promovesse o completo desenvolvimento da personalidade. A oportunidade para que os filósofos gregos reformulassem os fundamentos de educação nasceu do conflito entre a nova e a velha educação grega.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO. Carlos R. O que é educação. 33 ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.
MONROE, Paul. História da educação. 6 ed. São Paulo: Nacional, 1983.
PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e história da educação. 4 ed. São Paulo: Atica, 1986.