Vivemos num mundo cada vez mais exigente, num construto de relações mundializadas que convocam seus membros a buscarem maneiras de atuar em suas representações estabelecidas com potencial de sobrevivência. Assim, poderíamos destacar os espaços de construção dessas representações, desses espaços simbólicos, desses imaginários reais, por sua vez, entendidas através das culturas.
Bosi faz uma distinção entre os conceitos de culturas onde essas representações são construídas e entendidas como “uma herança de valores e objetos compartilhados por um grupo humano relativamente coeso”, representada por uma cultura erudita, elaborada pela educação formal, e por uma cultura popular, considerada basicamente iletrada, ligada ao ser humano simples, ainda não atingida pela linguagem simbólica do mundo moderno. O autor ainda fala na chamada cultura de massa, ou entendida como indústria cultural (muito embora para Theodor Adorno e Max Horkheimer esse conceito vai muito mais além do que a simples cultura de massa).1
A cultura erudita ou universitária vista como cultura reprodutiva dos modelos vigentes, numa reestruturação da tecnoburocracia, a qual baseado num mundo receituário (tendência especular), de modo especulativo, ou vista numa relação mais critica (tendência critica), tem como definição dos modos discursivos marcados, tematizados para explicar alguma coisa sistematicamente.
Contudo, a cultura de massa está atrelada na busca do prestígio, da lucratividade através da criação humana acessível, principalmente, através dos meios de comunicação de massas entendidas aqui como televisão, rádios e jornais. No entender de Bosi tanto a primeira, quanto a segunda “são formações institucionalizadas pelo Estado e pela empresa com o fim de transmitir conhecimento ou preencher horas de lazer de uma fração ponderável da população brasileira. São organizações modernas e complexas que administram a produção e a circulação de bens simbólicos. O seu crescimento tem uma relação direta com o crescimento econômico de pais: a sua mentalidade básica, também”.(322).
Na verdade o que temos é uma formalização mais ou menos conhecida pela sociedade no aspecto da criação/produção/representação do ser humano. Se não estamos atentos a essas configurações sociais, passa mui sutilmente despercebida a relação alienante e ideológica da indústria simbólica que, mecanicamente automatiza o indivíduo como peça dessa engrenagem ou consumidor dos espetáculos barbarizados.
Se pensarmos na aceleração técnico-científica, contraditoriamente, podemos nos orgulhar da capacidade criadora e reprodutora do ser humano, contudo isso esta levando a uma instrumentalização do próprio sujeito, configurado através da razão Instrumental de que falam por Adorno e Horkheimer, que fica reduzida e vinculada ao poder, a dominação e a exploração. Porém, a clareza desses aspectos não vem de um salto, passa por um crivo da capacidade de reflexão crítica do mundo, das relações sociais, das construções simbólicas constituídas num imaginário da resistência.
No Brasil, ainda insiste um embargo de dominação externa que seria, conforme Bosi, “incômodo florescimento de uma cultura técnica nacional auto-suficiente ou de uma cultura crítica organizada”. Portanto, não adianta a ampliação da rede escolar com aspecto de democratização cultural, envolto em ares de desenvolvimento de um receituário proposto por uma elite dominante.
É preciso efetivar uma cultura autônoma de transformação comprometida com as questões da vida e a expressão do povo para que haja uma filosofia da educação brasileira ligada a prática de libertação – educar para liberdade no entendimento de Paulo Freire. Nessa altura aparecem algumas questões: será que a simples reforma dos modelos existentes é suficiente? Como um novo modelo cultural pode suplantar a tradições dominante arraigadas em nossa sociedade? Acredito que esses aspectos em nossa iniciação analítica são importantes para ficarmos atentos aos interesses e continuar desenvolvendo nosso imaginário da cultura resistente. Estamos num processo de construção de uma consciência alternativa mundializada, temos que conquistá-la no seu caráter mais radical possível em que a dialética da colonização encontre aqui sua possível neutralização do seu avanço.
NOTAS:
Bosi faz uma distinção entre os conceitos de culturas onde essas representações são construídas e entendidas como “uma herança de valores e objetos compartilhados por um grupo humano relativamente coeso”, representada por uma cultura erudita, elaborada pela educação formal, e por uma cultura popular, considerada basicamente iletrada, ligada ao ser humano simples, ainda não atingida pela linguagem simbólica do mundo moderno. O autor ainda fala na chamada cultura de massa, ou entendida como indústria cultural (muito embora para Theodor Adorno e Max Horkheimer esse conceito vai muito mais além do que a simples cultura de massa).1
A cultura erudita ou universitária vista como cultura reprodutiva dos modelos vigentes, numa reestruturação da tecnoburocracia, a qual baseado num mundo receituário (tendência especular), de modo especulativo, ou vista numa relação mais critica (tendência critica), tem como definição dos modos discursivos marcados, tematizados para explicar alguma coisa sistematicamente.
Contudo, a cultura de massa está atrelada na busca do prestígio, da lucratividade através da criação humana acessível, principalmente, através dos meios de comunicação de massas entendidas aqui como televisão, rádios e jornais. No entender de Bosi tanto a primeira, quanto a segunda “são formações institucionalizadas pelo Estado e pela empresa com o fim de transmitir conhecimento ou preencher horas de lazer de uma fração ponderável da população brasileira. São organizações modernas e complexas que administram a produção e a circulação de bens simbólicos. O seu crescimento tem uma relação direta com o crescimento econômico de pais: a sua mentalidade básica, também”.(322).
Na verdade o que temos é uma formalização mais ou menos conhecida pela sociedade no aspecto da criação/produção/representação do ser humano. Se não estamos atentos a essas configurações sociais, passa mui sutilmente despercebida a relação alienante e ideológica da indústria simbólica que, mecanicamente automatiza o indivíduo como peça dessa engrenagem ou consumidor dos espetáculos barbarizados.
Se pensarmos na aceleração técnico-científica, contraditoriamente, podemos nos orgulhar da capacidade criadora e reprodutora do ser humano, contudo isso esta levando a uma instrumentalização do próprio sujeito, configurado através da razão Instrumental de que falam por Adorno e Horkheimer, que fica reduzida e vinculada ao poder, a dominação e a exploração. Porém, a clareza desses aspectos não vem de um salto, passa por um crivo da capacidade de reflexão crítica do mundo, das relações sociais, das construções simbólicas constituídas num imaginário da resistência.
No Brasil, ainda insiste um embargo de dominação externa que seria, conforme Bosi, “incômodo florescimento de uma cultura técnica nacional auto-suficiente ou de uma cultura crítica organizada”. Portanto, não adianta a ampliação da rede escolar com aspecto de democratização cultural, envolto em ares de desenvolvimento de um receituário proposto por uma elite dominante.
É preciso efetivar uma cultura autônoma de transformação comprometida com as questões da vida e a expressão do povo para que haja uma filosofia da educação brasileira ligada a prática de libertação – educar para liberdade no entendimento de Paulo Freire. Nessa altura aparecem algumas questões: será que a simples reforma dos modelos existentes é suficiente? Como um novo modelo cultural pode suplantar a tradições dominante arraigadas em nossa sociedade? Acredito que esses aspectos em nossa iniciação analítica são importantes para ficarmos atentos aos interesses e continuar desenvolvendo nosso imaginário da cultura resistente. Estamos num processo de construção de uma consciência alternativa mundializada, temos que conquistá-la no seu caráter mais radical possível em que a dialética da colonização encontre aqui sua possível neutralização do seu avanço.
NOTAS:
1 No texto A Indústria Cultural: o Esclarecimento como Mistificação das Massas, Adorno e Horkheimer indagam sobre a construção da cultura, a produção cultural propriamente dita dominada pelo mercado e pela industrialização em forma de um esquematismo altamente sofisticado, determinando gostos e a disseminaçao de bens culturais padronizados para satisfação de necessidades criadas pela propria industria mercantil.(in: Adorno, T; Horkheimer, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido A. de Almeida. RJ: Jorge Zahar, 1985.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 3ª edição.
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 3ª edição.
Um comentário:
Olá Alex. Primeiramente fico contente que tenha lido o post e comentado a respeito. Comentário que foi excelente. Eu posso dizer que penso praticamente dessa forma, e foi o que quis dizer quando disse que a juventude “está” e não “é”. Mas de fato seu comentário elucidou de forma perfeita o que eu queria dizer e expandiu ainda mais o meu modo de pensar a respeito. Muito Obrigado pela contribuição.
Bem, este seu post lembra-me de uma aula que tivemos no inicio do semestre passado que em determinado momento falamos a respeito da formação de mão de obra (se não me engano foi um exemplo), não me recordo o título de você deu ao assunto, mas o conteúdo era parecido com o apresentado aqui. Lendo esse post agora compreendi melhor. Gostei das duas perguntas que você deixou no último parágrafo, são questões que acredito, sejam sérias. De fato realmente “precisamos ficar atentos interesses e continuar desenvolvendo nosso imaginário da cultura resistente”. Quanto ao autor, o Bosi, não o conheço e também não tinha ouvido falar nele antes. Vou procurar o livro que você mencionou pois me parece bem interessante. O assunto exposto aqui é, particularmente, um dos que mais gosto. Ótimo post, parabéns!
Abraços! Léo
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