sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Entrevista com Hobsbawm para Sin Permiso.

Parte da Entrevista/Eric Hobsbawm: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx feita por Marcello Musto

Eric Hobsbawm é considerado um dos maiores historiadores vivos. É presidente do Birbeck College (London University) e professor emérito da New School for Social Research (Nova Iorque). Entre suas muitas obras, encontra-se a trilogia acerca do "longo século XIX": "A Era da Revolução: Europa 1789-1848" (1962); "A Era do Capital: 1848-1874" (1975); "A Era do Império: 1875-1914 (1987) e o livro "A Era dos Extremos: o breve século XX, 1914-1991 (1994), todos traduzidos em vários idiomas.
Marcello Musto: Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Na última década, vimos a crise financeira do leste asiático, que começou no verão de 1997; a crise econômica Argentina de 1999-2002 e, sobretudo, a crise dos empréstimos hipotecários que começou nos Estados Unidos em 2006 e agora tornou-se a maior crise financeira do pós-guerra. É correto dizer, então, que o retorno do interesse pela obra de Marx está baseado na crise da sociedade capitalista e na capacidade dele ajudar a explicar as profundas contradições do mundo atual?
Eric Hobsbawm: Se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que, como você diz corretamente, a recuperação do interesse por Marx está consideravelmente – eu diria, principalmente – baseado na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. A atual crise financeira mundial, que pode transformar- se em uma grande depressão econômica nos EUA, dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta. As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. É claro que qualquer "retorno a Marx" será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas auto-geradas com dimensões políticas e sociais. Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre.
Marcello Musto: Você não acha que, se as forças políticas e intelectuais da esquerda internacional, que se questionam sobre o que poderia ser o socialismo do século XXI, renunciarem às idéias de Marx, estarão perdendo um guia fundamental para o exame e a transformação da realidade atual?
Eric Hobsbawm: Nenhum socialista pode renunciar às idéias de Marx, na medida que sua crença em que o capitalismo deve ser sucedido por outra forma de sociedade está baseada, não na esperança ou na vontade, mas sim em uma análise séria do desenvolvimento histórico, particularmente da era capitalista. Sua previsão de que o capitalismo seria substituído por um sistema administrado ou planejado socialmente parece razoável, ainda que certamente ele tenha subestimado os elementos de mercado que sobreviveriam em algum sistema pós-capitalista. Considerando que Marx, deliberadamente, absteve-se de especular acerca do futuro, não pode ser responsabilizado pelas formas específicas em que as economias "socialistas" foram organizadas sob o chamado "socialismo realmente existente". Quanto aos objetivos do socialismo, Marx não foi o único pensador que queria uma sociedade sem exploração e alienação, em que os seres humanos pudessem realizar plenamente suas potencialidades, mas foi o que expressou essa idéia com maior força e suas palavras mantêm seu poder de inspiração. No entanto, Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, autoritariamente ou de outra maneira, nem como descrições de uma situação real do mundo capitalista de hoje, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista. Tampouco podemos ou devemos esquecer que ele não conseguiu realizar uma apresentação bem planejada, coerente e completa de suas idéias, apesar das tentativas de Engels e outros de construir, a partir dos manuscritos de Marx, um volume II e III de "O Capital". Como mostram os "Grundrisse" , aliás. Inclusive, um Capital completo teria conformado apenas uma parte do próprio plano original de Marx, talvez excessivamente ambicioso. Por outro lado, Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalizaçã o seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo.
Tradução para Sin Permiso (inglês-espanhol) :
Gabriel Vargas LozanoTradução para Carta Maior (espanhol-português): Marco Aurélio Weissheimer

terça-feira, 22 de julho de 2008

O IMAGINÁRIO DA RESISTÊNCIA: Culturas brasileiras

Vivemos num mundo cada vez mais exigente, num construto de relações mundializadas que convocam seus membros a buscarem maneiras de atuar em suas representações estabelecidas com potencial de sobrevivência. Assim, poderíamos destacar os espaços de construção dessas representações, desses espaços simbólicos, desses imaginários reais, por sua vez, entendidas através das culturas.
Bosi faz uma distinção entre os conceitos de culturas onde essas representações são construídas e entendidas como “uma herança de valores e objetos compartilhados por um grupo humano relativamente coeso”, representada por uma cultura erudita, elaborada pela educação formal, e por uma cultura popular, considerada basicamente iletrada, ligada ao ser humano simples, ainda não atingida pela linguagem simbólica do mundo moderno. O autor ainda fala na chamada cultura de massa, ou entendida como indústria cultural (muito embora para Theodor Adorno e Max Horkheimer esse conceito vai muito mais além do que a simples cultura de massa).1
A cultura erudita ou universitária vista como cultura reprodutiva dos modelos vigentes, numa reestruturação da tecnoburocracia, a qual baseado num mundo receituário (tendência especular), de modo especulativo, ou vista numa relação mais critica (tendência critica), tem como definição dos modos discursivos marcados, tematizados para explicar alguma coisa sistematicamente.
Contudo, a cultura de massa está atrelada na busca do prestígio, da lucratividade através da criação humana acessível, principalmente, através dos meios de comunicação de massas entendidas aqui como televisão, rádios e jornais. No entender de Bosi tanto a primeira, quanto a segunda “são formações institucionalizadas pelo Estado e pela empresa com o fim de transmitir conhecimento ou preencher horas de lazer de uma fração ponderável da população brasileira. São organizações modernas e complexas que administram a produção e a circulação de bens simbólicos. O seu crescimento tem uma relação direta com o crescimento econômico de pais: a sua mentalidade básica, também”.(322).
Na verdade o que temos é uma formalização mais ou menos conhecida pela sociedade no aspecto da criação/produção/representação do ser humano. Se não estamos atentos a essas configurações sociais, passa mui sutilmente despercebida a relação alienante e ideológica da indústria simbólica que, mecanicamente automatiza o indivíduo como peça dessa engrenagem ou consumidor dos espetáculos barbarizados.
Se pensarmos na aceleração técnico-científica, contraditoriamente, podemos nos orgulhar da capacidade criadora e reprodutora do ser humano, contudo isso esta levando a uma instrumentalização do próprio sujeito, configurado através da razão Instrumental de que falam por Adorno e Horkheimer, que fica reduzida e vinculada ao poder, a dominação e a exploração. Porém, a clareza desses aspectos não vem de um salto, passa por um crivo da capacidade de reflexão crítica do mundo, das relações sociais, das construções simbólicas constituídas num imaginário da resistência.
No Brasil, ainda insiste um embargo de dominação externa que seria, conforme Bosi, “incômodo florescimento de uma cultura técnica nacional auto-suficiente ou de uma cultura crítica organizada”. Portanto, não adianta a ampliação da rede escolar com aspecto de democratização cultural, envolto em ares de desenvolvimento de um receituário proposto por uma elite dominante.
É preciso efetivar uma cultura autônoma de transformação comprometida com as questões da vida e a expressão do povo para que haja uma filosofia da educação brasileira ligada a prática de libertação – educar para liberdade no entendimento de Paulo Freire. Nessa altura aparecem algumas questões: será que a simples reforma dos modelos existentes é suficiente? Como um novo modelo cultural pode suplantar a tradições dominante arraigadas em nossa sociedade? Acredito que esses aspectos em nossa iniciação analítica são importantes para ficarmos atentos aos interesses e continuar desenvolvendo nosso imaginário da cultura resistente. Estamos num processo de construção de uma consciência alternativa mundializada, temos que conquistá-la no seu caráter mais radical possível em que a dialética da colonização encontre aqui sua possível neutralização do seu avanço.
NOTAS:
1 No texto A Indústria Cultural: o Esclarecimento como Mistificação das Massas, Adorno e Horkheimer indagam sobre a construção da cultura, a produção cultural propriamente dita dominada pelo mercado e pela industrialização em forma de um esquematismo altamente sofisticado, determinando gostos e a disseminaçao de bens culturais padronizados para satisfação de necessidades criadas pela propria industria mercantil.(in: Adorno, T; Horkheimer, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido A. de Almeida. RJ: Jorge Zahar, 1985.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 3ª edição.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

EDUCAÇÃO GREGA: PEDAGOGOS, MESTRES-ESCOLA E SOFISTAS

Com o sentido de paidéia na educação grega surgiu um novo conceito de educação digna do homem livre, que o habilita a tirar proveito de sua liberdade ou dela fazer uso (Monroe, 1983, p.27). Entretanto, não podemos esquecer que esse novo conceito de educação refere-se apenas aos cidadãos livres que podiam tirar proveito da sua liberdade, ficando de fora os escravos, as mulheres.
Conforme, Brandão (1995, p.38-47) a paidéia tinha o sentido de formação harmônica do homem para a vida da polis, através do desenvolvimento pleno do corpo e toda a consciência. A educação passou a corresponder as exigências própria estrutura da sociedade grega, especialmente por sua estratificação social de oposições entre livres e escravos, entre nobres e plebeus. De modo que a educação foi dirigida preferencialmente aos meninos nobres da elite guerreira e da elite com posses.
Até os 7 anos sua educação se da no seio familiar, depois dos sete os meninos eram entregues aos pedagogos (pais, paidós=criança; agein= conduzir), que eram escravos a quem os atenienses confiavam a criança, conduzindo-os até a escola. O menino ateniense freqüentava dois tipos diferentes de escolas: a escola de música e a escola de ginástica ou palestra (lugar de luta). Nessas escolas aprende com o mestre-escola, que acompanham a educação do jovem aristocrata, fruto de um lento trabalho de acompanhamento do educando por muitos anos.
Atenas ao alcançar seu máximo esplendor, ampliando suas relações econômicas, aumentando a prosperidade material e cultural dos cidadãos, a velha constituição aristocrática é substituída pela constituição democrática. Nesse sentido, as exigências impostas a educação foram duplas: de um lado, com o desenvolvimento da liberdade na esfera política, passou-se a reclamar da educação maior liberdade individual de pensamento e ação. Por outro lado, impo-se a necessidade de um treino ou habilitação do individuo a aproveitar das oportunidades sem precedentes que se ofereciam para o engrandecimento e realizações pessoais. Todavia, na sociedade ateniense, organizada sob o velho regime, não havia meios para ministrar a educação que proporcionasse ao individuo condições de êxito pessoal. Toda a educação existente preparava apenas para o exercício cívico. Aparece então, o instrumento necessário, sob a forma de uma nova classe de professores – os sofistas (Monroe, p.53).
Os sofistas (sophos= sábio) surgiram com sendo a nova classe de professores que a sociedade exigia. Geralmente os sofistas eram professores ambulantes que percorriam as grandes cidades. Eles ensinavam as ciências e as artes, com finalidades práticas, principalmente, a eloqüência, em troca de uma elevada contribuição financeira. Muitos sofistas davam apenas uma preparação superficial que geralmente, consistia em fornecer a seus alunos discursos feitos sobre certos tópicos, a serem repetidos em determinadas ocasiões.
Em seus ensinamentos, os sofistas, acentuavam de forma exagerada o valor da individualidade. Entre eles não haviam nenhum sistema comum de idéias. A única idéia comum era que não havia idéias universais nem padrões universais de conduta. Nas palavras de Protágoras, um dos maiores sofistas, “o homem é a medida de todas as coisas”. Assim o indivíduo situava-se num tal nível de independência que ficava acima dos deveres cidadão.
De qualquer modo, continuava, o problema para os gregos em formular um ideal educativo que pudesse satisfazer as necessidades institucionais e o bem coletivo e, ao mesmo tempo promovesse o completo desenvolvimento da personalidade. A oportunidade para que os filósofos gregos reformulassem os fundamentos de educação nasceu do conflito entre a nova e a velha educação grega.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO. Carlos R. O que é educação. 33 ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.
MONROE, Paul. História da educação. 6 ed. São Paulo: Nacional, 1983.
PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e história da educação. 4 ed. São Paulo: Atica, 1986.

sábado, 8 de março de 2008

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 2008

GT de Mulheres e GLBT
Manifesto Nacional da Conlutas para as atividades do 08 de Março – Dia Internacional da Mulher


8 de março
Resgatando a tradição de luta da mulher trabalhadora:
Mulheres feministas, anticapitalistas e antigovernistas lutando contra o machismo, a exploração e pelo socialismo
Neste 8 de março, “Dia Internacional de Luta das Mulheres”, é fundamental que estejamos unidas enquanto trabalhadoras, resgatando o sentido histórico de nossa luta contra o capital e seus representantes, exigindo a manutenção dos direitos conquistados às custas de nosso sangue e suor e lutando contra a opressão machista, que nos violenta cotidianamente.
É preciso explicitar para o conjunto das mulheres trabalhadoras que para conquistarmos o fim da opressão e da exploração, para destruirmos as relações capitalistas é necessário que nossa luta seja direcionada aos nossos inimigos de classe: aos patrões e aos governos. E nesse sentido, é fundamental que essa luta seja tomada pelo conjunto dos trabalhadores, pois a opressão serve para manter e reproduzir a exploração sobre homens e mulheres da classe trabalhadora. É imprescindível dizer em alto e bom som que não há capitalismo sem machismo, assim como não é possível acabar com o machismo sob o capitalismo. Isto é resgatar o caráter histórico do 8 de Março, de um dia de lutas proposto no II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas por Clara Zetkin!
É neste marco que torna-se fundamental organizar as mulheres para lutar contra os ataques que estão previstos para este ano, assim como para avançarmos rumo às conquistas de direitos ainda não efetivados. No Brasil, a retirada dos direitos conquistados vem ocorrendo há décadas e, no último período, o governo Lula é o responsável pela aplicação dos planos da burguesia que atacam a classe trabalhadora.
É o governo Lula quem fez a Reforma da Previdência aumentando a idade mínima para aposentadoria e agora está encaminhando outra reforma que além de aumentar novamente o tempo/idade. Esses planos irão atacar mais diretamente as mulheres diminuindo a diferença em relação aos homens, desconsiderando assim a dupla jornada a que estamos submetidas. Esta proposta não considera também que a opressão combinada com a exploração tem destinado às mulheres trabalhos repetitivos, além de haver aumento do assédio moral e sexual. Com esta Reforma, quando as trabalhadoras estiverem para se aposentar suas vidas estarão destruídas pelas doenças profissionais e pelo esgotamento físico e mental. Há ainda a intenção de extinguir as pensões, novamente atingindo as mulheres que por décadas foram donas de casa, muitas vezes submetidas aos desmandos do marido e que ao enviuvar ficarão sem recursos para se manter.
É o governo Lula quem encaminhou a proposta de Reforma Trabalhista que prevê a flexibilização dos direitos, inclusive a licença maternidade.
É o governo Lula que aprovou a Lei Maria da Penha num dia e cortou 42% dos recursos para combater a violência contra a mulher no outro.
É o governo Lula que se declarou abertamente contra o aborto, e armou o palanque para a Igreja Católica defender contra a legalização na Conferência Nacional de Saúde.
Não podemos esquecer também o ocorrido no 8 de março de 2007 quando Lula trocou gentilezas com Bush e aliou-se com o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab para colocar a tropa de choque para reprimir a manifestação das mulheres na cidade de São Paulo. Bandeiras de Luta - Por tudo isto é necessário manter a visibilidade em torno de nossas bandeiras de luta pela garantia dos direitos, pelo fim da dupla jornada de trabalho, pelo pleno emprego, pelo piso do DIEESE, pela legalização do aborto, pelo fim da violência sofrida cotidianamente. Nós não vamos abandonar a luta da mulher trabalhadora, não vamos romper com a nossa história de luta. Por isto não vamos seguir ao lado de organizações que se negam a lutar contra o governo, nosso inimigo de classe, responsável pela violência que sofremos cotidianamente e que ao agirem dessa forma, tornam-se inconseqüentes na luta contra a opressão e a exploração das mulheres, favorecendo assim a manutenção deste estado de miséria e a implantação de planos neoliberais que impõem derrotas às mulheres trabalhadoras. Assim, não concordamos com o caráter que vem sendo impresso no movimento feminista e em particular à organização do 8 de Março, com palavras de ordem genéricas, que não enfrentam o governo Lula, que desorganiza a luta. Vamos seguir lutando por uma sociedade justa, sem machismo, sem opressão, sem exploração: UMA SOCIEDADE SOCIALISTA. Convidamos a todas as lutadoras a construir este 8 de Março para lutar: · Contra as reformas que retiram direitos das mulheres trabalhadoras;· Em defesa da aposentadoria e da licença maternidade;· Por salários dignos e iguais para homens e mulheres que exerçam as mesmas funções; · Pelo pleno emprego para as mulheres na cidade, pela garantia de trabalho digno para a mulher camponesa; · Pela construção de creches e escolas públicas de jornada integral que atendam todos/as os/as filhos/as das trabalhadoras; · Pela descriminalização e legalização do aborto, garantido na rede pública de saúde;· distribuição gratuita de todos os métodos contraceptivos; · Pela construção de postos de saúde e hospitais em todos os bairros da periferia, com número adequado de profissionais para atender à demanda;· Pelo fim da violência sofrida pelas mulheres;· Pelo direito a moradia digna;· Contra o preconceito de raça, nacionalidade e orientação sexual.
Coordenação Nacional de Lutas

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"Tropa de Elite" ou produção do mesmo à crítica imanente da sociedade capitalista

Filmes como "Tropa de Elite", que não escapou muita gente que não o tenha visto, ou quem irá ver o último que levou estatuetas do "oscar 2008", dos irmão Coen - "Onde os fracos não tem vez", talvez sejam mais do que sintomas de uma sociedade, que a tanto falam que está mais que doente. No capitalismo a norma é o lucro, a exceção é a regra, o limite é a exploração e a conseqüência é a totalização do mesmo. A atualidade do capitalismo, com sua “roupagem” e “blindagem” ideológica, põe em sustentação o mais profundo e perverso totalitarismo, disfarçado no conceito de liberdade e na máxima do fetichismo da mercadoria. A permanência da totalidade social, elevado o potencial no seu caráter de reificação proto-fascista, demonstra o predomínio da massificação cultural e no domínio da natureza. Lembro uma passagem da "Teoria Estética" de Adorno em que ele diz que "a arte é refúgio do comportamento mimético", ora quando a instrumentalização atinge o mais recondito da psique humana, as produção artistica não ficaria longe disso. Portanto, temporariamente pensando, toda a "improdutividade cultural" exercida no capitalismo tende a ser mera "racionalização" de suas próprias mazelas...Mas vejo que é muito válido o exercicio da crítica, desde que seja imanente, e não só....E essas produções não vem fazer denuncia ou apologia, sei lá, são apenas "produtos de um mesmo mercado", isto é, "é o mesmo do mesmo" que as pessoas compram e consumem a seus gostos...o que fazer com eles, ai o assunto é mais sério. Desse modo, podemos dizer que uma crítica imanente ao capitalismo atual, corre por fora dele, por fora do hiperdesenvolvimento das forças produtivas tecnológicas ensandecidas, por fora das necessidades de trabalho insensato, destruidor, por fora da rotina cotidiana estupidificante - embora tenha de correr processualmente por dentro da imanência do sistema para corroê-lo e pô-lo abaixo (Duarte, 2006)[1]. Esse talvez seja papel da crítica imanente.
[1] Duarte. Cláudio. O socialismo em devir: a difícil dialetização de uma idéia fixa. In: http://militante-imaginario.blogspot.com/2007_08_01_archive.html acesso dia 19/10/2007.